Quem é Jesus Cristo?
- Anderson Cavalcanti
- 7 de jan. de 2017
- 6 min de leitura

"E, chegando Jesus às partes de Cesaréia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem? E eles disseram: Uns, João o Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias, ou um dos profetas. Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou? E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus." Mateus 16:13-17
Confesso que essa é uma pergunta muito difícil de ser respondida. Há, ao menos, duas perspectivas de resposta. Uma delas é a de alguém que crê em seus ensinamentos e a outra é de alguém que responda do ponto de vista histórico. Irei me deter, inicialmente, a tentar responder sob o prisma histórico e, em seguida, sob o prisma da fé. Ao meu ver, as duas respostas convergem para o mesmo ponto. O prisma histórico, no entanto, faço questão de mostrar para trazer luz àquelas pessoas mais céticas (geralmente pessoas ligadas à ciência) ou até mesmo que simplesmente acham ilógico ou irracional sua história. Que fique bem claro aqui, que esse texto não tem peso científico, no entanto aponta alguns pequenos elementos científicos.
O prisma histórico
A principal fonte histórica é indiscutivelmente os quatro evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João). Sim, isso mesmo! Independente do peso religioso, os evangelhos são documentos classificados como históricos. São fontes de pesquisas realizadas por Universidades do mundo inteiro. Alguns pesquisadores tentam comprovar o que os evangelhos narram e outros tentam por em dúvida tais narrativas. No entanto, são poucos os trechos descritos no evangelho que são alvo de questionamento. Ao ser questionado por um jornalista sobre os questionamentos científicos sobre os evangelhos (incluindo até mesmo o fato de que jesus não teria existido), o Prof. Dr. Chris Forbes, Professor Sênior do Departamento de História Antiga da Universidade de Macquarie na Austrália, respondeu:
"... não há nenhum historiador sério do cristianismo que afirme que Jesus não existiu. Há sim, discussões sobre se ele foi como a bíblia o descreve, há discussões sobre incidentes específicos na sua vida, mas nenhum historiador antigo sério duvida mais que Jesus foi uma pessoa real. Realmente viveu na Galiléia no Século I". - Dr. Chris Forbes
Segue abaixo a sua entrevista:
Segue abaixo o link para a página oficial do Prof. Chris na Universidade de Macquarie:
Continuando nosso raciocínio acerca dos evangelhos, nos resta confirmar sobre a confiabilidade dos seus ensinamentos. Tais textos são confiáveis? Os fatos que aconteceram não podem ter sido distorcidos (por lendas) pelos observadores? São alguns questionamentos pertinentes. Primeiramente, vamos tomar conhecimento sobre quando tais evangelhos foram escritos por ordem cronológica:
1 - O evangelho de Marcos foi escrito por Marcos na cidade de Roma no ano de (64 d. C), ou seja, cerca de 31 anos após a morte e ressurreição de Cristo.
2 - O evangelho de Mateus foi escrito por Mateus em Jerusalém para comunidade de Judeus cristãos no ano de (70 d.C), ou seja, cerca de 37 anos após a morte e ressurreição de Cristo.
3 - O evangelho de Lucas foi escrito por Lucas em Antioquia para os gentios por volta de (80 d.C), ou seja, cerca de 47 anos após a morte e ressurreição de Cristo.
Estes três evangelhos são chamados de sinóticos, pois tem muitas semelhanças entre si e podem ser comparados em seus textos e feitos estudos a partir destas comparações.
4 - evangelho de João escrito por João para a comunidade dos gentios na Ásia Menor em Éfeso (95 d.C.), ou seja, cerca de 62 anos após a morte e ressurreição de Cristo.
Do ponto de vista histórico, o tempo decorrido da morte e ressurreição até a escrita dos textos é muito curto, ou seja, não houve tempo suficiente para que a história fosse contaminada por lendas. Esse argumento é muito bem colocado por A. N. Sherwin-White em seu livro Roman Society and Roman Law in the New Testament. De acordo com o citado autor, para que os Evangelhos sejam lendas, a velocidade de acúmulo lendário teria de ser "inacreditável". Mais gerações seriam necessárias. É exatamente isso que ocorre com o passar do tempo. No século II foram escritos os evangelhos apócrifos de Nag Hammadi. Esses evangelhos apócrifos são claras influências (principalmente gnósticas) dos fatos históricos. A mensagem verdadeira e original de Cristo, do ponto de vista histórico, não sofreu alteração pelas lendas da época. Segue abaixo a referência do livro do Dr. Sherwin-White:
A. N. Sherwin-White, Roman Society and Roman Law in the New Testament (Oxford: Clarendon Press, 1963), pp. 188-191.
Outro argumento que corrobora que a fidelidade da narrativa dos evangelhos é verdadeira é a fidelidade com que os escritores trataram os eventos históricos. Lucas, por exemplo, era grego. Ele inicia seu evangelho da seguinte forma:
"Tendo, pois, muitos empreendido pôr em ordem a narração dos fatos que entre nós se cumpriram, Segundo nos transmitiram os mesmos que os presenciaram desde o princípio, e foram ministros da palavra, Pareceu-me também a mim conveniente descrevê-los a ti, ó excelente Teófilo, por sua ordem, havendo-me já informado minuciosamente de tudo desde o princípio; Para que conheças a certeza das coisas de que já estás informado." Lucas 1:1-4
Este prefácio ao evangelho de Lucas foi escrito em grego clássico, usando a forma que os historiadores gregos antigos escreviam. Em seguida, ele muda sua forma de escrever para o grego comum, ou seja, um grego que pudesse ser compreendido pelos menos eruditos. No entanto, nesse prefácio, Lucas faz questão de deixar claro que ele podia escrever como um historiador erudito. O mesmo Lucas escreveu o livro de Atos dos Apóstolos. O referido livro foi profundamente analisado por historiadores modernos que confirmaram que a narrativa de Lucas tem correspondência perfeita com a história secular do mundo antigo. Colin Hemer, estudioso clássico que se voltou para os estudos do novo testamento, destrinchou o livro de Atos e constatou uma riqueza de conhecimento histórico, desde o que seria conhecimento comum até detalhes que somente uma pessoa local saberia. Segue a referência do estudo de Hermer:
Colin J. Hemer, The Book of Acts in the Setting of Hellenistic History, ed. Conrad H. Gempf, Wissenschaftliche Untersuchungen zum Neuen Testament 49 (Tübingen: J. C. B. Mohr, 1989), cap. 8.
Diversos outros argumentos históricos poderiam ser citados, no entanto, esse simples post tem o objetivo apenas de deixar claro a fidelidade dos escritos dos evangelhos do ponto de vista histórico.
O prisma da Fé
Sob o prisma da fé, escolhemos partir do Evangelho de João. Na época que se passou a história de Cristo, o mundo era influenciado pelos seguintes povos: i) os gregos influenciavam na cultura; ii) os romanos influenciavam a política; iii) os judeus influenciavam na religião. Portanto, todos os evangelhos foram escritos em grego. Vejamos como João inicia sua narrativa:
"1 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. 2 Ele estava no princípio com Deus. 3 Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. 4 Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. 5 E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam."João 1:1-5
O evangelho de João é peculiar por não iniciar a narrativa a partir da genealogia de Jesus. Ele inicia descrevendo que "No princípio era o Verbo...". A primeira pergunta que devemos fazer é: que princípio? O substantivo original grego usado por João é ἀρχή (arché). Esse substantivo indica tempo passado, mas sem um marco de início no tempo, ou seja, Jesus (a palavra, ou o verbo) existe desde sempre. O Cristo é o filho de Deus que se tornou carne. Ele estava no princípio de todas as coisas e todas as coisas foram feitas por Ele.
Jesus veio ao mundo com um propósito muito bem específico. Ele veio reconciliar o homem com Deus. Em sua permanência entre os homens, ele operou diversos milagres e maravilhas (Marcos 10:46-52; João 2:1-11; Mt 14, 13-21), no entanto, sua morte e sua ressurreição são seus atos mais importantes. Sua morte representa o pagamento por nossos pecados e sua ressurreição representa a vida eterna que Ele nos oferece. A mensagem de Jesus é simples. Muito tempo se passou, muitas pessoas procuram distorcer esse mensagem para atender seus interesses. O próprio cristianismo, termo mais popular para algumas religiões, é uma criação romana. Cheia de paganismo, crendices e interesses escusos à mensagem verdadeira. No entanto, seguir a Jesus é muito além de seguir a religião A ou B. Seguir a Jesus é seguir a Ele. É arrependimento. É obediência ao que Ele nos ensinou (e está muito bem reportado nos evangelhos). É amar a Deus sobre todas as coisas. É amar ao próximo como a si mesmo. É esse Jesus que é real, que viveu, morreu e ressuscitou. É Ele que esse post tem a intenção de apresentar a todos os leitores e a de convidar a conhecê-lo. Se você ainda não o conhece e gostaria de conhecer, pode me escrever. Terei um prazer imenso em apresentá-lo. Um forte abraço a todos(as) e fiquem na paz desse Jesus que hoje vos apresento.
20 Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo. Apocalipse 3:20
Anderson Cavalcanti
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